Fato Nº 66
A República de Nagorno-Karabakh realizou um referendo sobre sua independência em 10 de dezembro de 1991
Como todos os conflitos que envolvem fronteiras, a disputa por Nagorno-Karabakh – ou Artsakh, como é chamado em armênio – é bastante complicada e armênios e azerbaijanos ainda negociam uma resolução com a mediação do Grupo Minsk da Organização pela Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Os países mediadores são os EUA, Rússia e França. O cessar-fogo de 1994 pôs fim aos enfrentamos que começaram seis anos antes, enquanto a União Soviética se desmembrava e a população armênia do Azerbaijão Soviético pedia por mudanças.
Karabakh (também conhecida por Karabagh ou ainda Gharabagh) manteve, por muito tempo, diferentes graus de autonomia sob o controle de lideranças locais armênias subordinadas ao xá persa. A região foi conquistada pelo Império Russo em 1828. Menos de um século depois, os recém-independentes Armênia e Azerbaijão reivindicaram o território em uma disputa que durou até 1923, quando, como consequência da sovietização, o planalto de Karabakh foi organizado em uma unidade administrativa separada no Azerbaijão Soviético com uma maioria populacional armênia. Nagorno quer dizer “montanhoso” em russo, e as novas fronteiras – que não tocavam as da Armênia, mas formavam uma “ilha” dentro da República Socialista Soviética do Azerbaijão – recebeu o nome de Oblast Autônoma de Nagorno-Karabakh (Oblast é o termo russo para “região” – NKAO, na sigla, em inglês).
Embora movimentos tenham surgindo mais de uma vez, durante a existência da URSS, para a redefinição das fronteiras e incluir Nagorno-Karabakh à Armênia Soviética, de onde muitos armênios da NKAO foram desligados tanto economicamente quanto culturalmente, as mudanças mais significativas começaram em 1988, quando lideranças em Yerevan e Stepanakert, a capital de Nagorno-Karabakh, pediam união. O governo de Baku, capital do Azerbaijão, se opôs a esse movimento. Naturalmente, Moscou foi envolvida, ainda que o Kremlin estivesse lutando para manter a União Soviética.
Os problemas vieram à tona. Distúrbios locais e pogroms se transformaram em um conflito armado aberto. A República de Nagorno-Karabakh se declarou um Estado independente – uma declaração não reconhecida por nenhum outro Estado – baseada num referendo ocorrido em 10 de dezembro de 1991. Após uma guerra sangrenta, cuja paz ainda não está estabelecida, o país manteve sua liberdade, fortalecendo laços com a vizinha Armênia.
A República da Armênia não reconhece formalmente a República de Nagorno-Karabakh como um Estado independente, ainda que negociações para um acordo completo continuem. Os presidentes da Armênia e Azerbaijão têm se encontrado, normalmente recebidos por um dos três países mediadores. O cessar-fogo de 1994 nem sempre é respeitado; o verão e outono de 2014 foram particularmente um período difícil com trocas de tiros e baixas tanto nas fronteiras efetivas entre NK e Azerbaijão e também na oficial e reconhecida fronteira entre Armênia e Azerbaijão.
Mesmo em meio a esse tenso cessar-fogo, com uma diplomacia em desenvolvimento, com fronteiras fechadas e posições entrincheiradas, a República de Nagorno-Karabakh reivindica cerca de 11 mil metros quadrados com aproximadamente 150 mil habitantes, cidadãos de uma democracia. O governo tem um modelo presidencial, com um executivo forte, bem como um parlamento, a Assembleia Nacional, composta por 33 membros. Eleições ocorrem regularmente para os cargos públicos da República de Nagorno-Karabakh, bem como um referendo para uma nova constituição, o que aconteceu em 2006.
Embora a República de Nagorno-Karabakh não seja um membro das Nações Unidas, ela mantém diplomatas em Yerevan, Washington, Moscou, Paris, Beirute, Sidnei e Berlim. Além de turistas, com o passar dos anos o país tem recebido um grande número de visitas oficiais. Resoluções sobre RNK foram adotadas por vários estados dos EUA: Rhode Island, Massachusetts, Maine, Louisiana e Califórnia exprimiram apoio aos armênios de Nagorno-Karabakh, através de resoluções aprovadas pelas assembleias legislativas, em sua busca por liberdade.
A área destacada em rosa abaixo está sob controle da autodeclarada República de Nagorno-Karabakh, enquanto as ilhas em forma de L marcam as fronteiras da antiga Oblast Autônoma de Nagorno-Karabakh acrescida da região norte Shahumyan, de população armênia; partes dela se estendem por áreas controladas pela República do Azerbaijão.
Por en:User:VartanM. World inset added by en:User:Kmusser. [Public domain], via Wikimedia Commons
Referências e Outras Fontes
1. Thomas de Waal. Black Garden: Armenia and Azerbaijan through Peace and War. NYU Press, 2004
2. Tatul Hakobyan. Karabakh Diary, Green and Black: Neither War nor Peace. 2010
Թաթուլ Հակոբյան. «Արցախյան օրագիր, Կանաչ ու սեւ կամ՝ ոչ խաղաղություն, ոչ պատերազմ». 2010
3. Nagorno-Karabakh Republic, Ministry of Foreign Affairs
4. “Nagorno-Karabakh profile”, BBC News, October 5, 2013
5. Wikipedia: “Nagorno-Karabakh Republic”
6. Wikipedia: “2014 Armenian–Azerbaijani clashes”
Artigo Original
Legenda da Imagem
A bandeira da República de Nagorno-Karabakh, modelada sobre a bandeira da República da Armênia e da geografia da região; os chevrons brancos (zig-zags) imitam designs usados na realização de tapetes – um ofício célebre da área
Atribuição e Fonte
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